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Você é minimalista?

Essa questão surgiu numa conversa com um grupo de amigas, em decorrência de uma reportagem que trouxe a notícia de que muitos casais americanos da terceira idade estão mudando seus estilos de vida, trocando casas luxuosas por outras menores e mais simples, ficando apenas com o essencial para uma velhice confortável. Será que algum dia, quando estivermos mais velhas e não mais tão envolvidas com nossas obrigações diárias como os estudos, o emprego, a casa, os filhos e tudo o que consome os nossos dias, conseguiremos mudar nossos estilos de vida, vivendo apenas com o essencial?

Difícil de responder no momento atual, quando muitos ainda dependem de nós e nós dos confortos da modernidade, como das máquinas que facilitam a nossa vida cotidiana. Basta pensarmos nos momentos em que ficamos sem celular ou que a internet não funciona e logo nosso humor já muda, então imaginem vivermos com menos comodidades do que as que já estamos acostumados? Com certeza, nossa resposta foi única e negativa para a pergunta.

Mesmo após o encerramento do nosso encontro, voltei para casa pensando no assunto. Talvez, se tivesse nascido em 1900 seria mais fácil ser minimalista, mas, hoje, com tantas informações e ofertas de bens de consumo, sem nem sair de casa, não é nada fácil. Com certeza esse grande acesso a bens de consumo já nos fez comprar coisas que não precisávamos. As pesquisas apontam como resultado do consumismo desenfreado no Brasil, 62,1 milhões de endividados, segundo o Serviço de Proteção ao Credito (SPC) e a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas.

Mesmo que não possamos imaginar a nossa vida como a que os minimalistas radicais entendem como correta, tenho a certeza que podemos viver com menos, basta verificarmos os objetos que temos em nossos armários e que não usamos há bastante tempo ou o que julgávamos importantes quando tínhamos 20 ou 30 anos e que agora nem passam pela nossa cabeça como algo a fazer ou desejar.

Entendo que o minimalismo é um processo de mudança de hábitos e principalmente de autoconhecimento. É algo sobre dar significado ao que possuímos. É fazer escolhas conscientes, ao invés de ser levado a uma decisão por fatores externos ou de marketing. É reduzir para ter mais. No entanto, essa mudança exige autoconhecimento, desprendimento e autoconfiança, qualidades que são observadas, em geral, nas pessoas mais velhas e experientes, pois se trata de reduzir, de forma consciente, nossa vida ao que realmente importa, sem acumular objetos e relações nocivas, de forma a termos mais tempo para vivermos uma vida simples e com significado.

Apesar de ter consciência do que é mais importante na minha vida, ainda não consegui mudar meus hábitos como gostaria para ter uma vida sem tantas cobranças e mais livre. É uma verdadeira luta diária. Porém, já estou dando um passo que considero importante, estou me desapegando de relações que não me servem mais. Sabemos que todas as pessoas que passam pela nossa vida têm um propósito, mas às vezes temos dificuldade para constatar que tal propósito não está mais em consonância com o nosso jeito de pensar e agir. Contudo, basta um olhar mais atento e a certeza vem, pois a forma como elas enxergam a vida ou que se relacionam com os outros não estão mais de acordo com aquilo que entendemos correto ou essencial para a nossa vida.

Essa é a área em que a regra principal do minimalismo, que é reduzir nossa vida ao que realmente importa, é mais difícil de ser aplicada, pois envolve pessoas e sentimentos, o que é bem diferente quando se trata de objetos, mas com jeito e paciência a gente consegue e o mais importante é que no final, com o passar do tempo, somos invadidos pelo sentimento que é um dos mais importantes da nossa vida e que às vezes esquecemos nas nossas relações pessoais: que é a liberdade.

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